A cirurgiã dentista brasileira, Kennia Botelho que já ministrou duas palestras em Harvard conta como foi a experiência e adianta que deverá voltar aos EUA em novembro de 2018.
Dra. Kennia Botelho esteve, em nos Estados Unidos no ano passado, para ministrar duas palestras na Harvard Medical School. Ela contou à Revista Odonto Nordeste como foi o contato com os professores e alunos da instituição e avaliou como o mercado e a academia brasileira estão situados no contexto internacional quando o assunto é Odontologia.
O.N. (Odonto Nordeste) – Dra. Kennia, quais temas foram destaques nessas ocasiões, em Harvard?
Dra. Kennia – Em Harvard, no mês de abril de 2017, tive o prazer de estar junto a um excelente grupo da odontologia e da medicina. Éramos brasileiros, norte-americanos e europeus, em uma conferência de estética orofacial e na ocasião ministrei palestra sobre “Autólogos Sanguíneos: Otimizando resultados na Estética Oro Facial” e no mesmo ano, em novembro, retornei pela International Academy of Orofacial Harmonization com o tema “Manutenção da Homeostase Sanguínea: Em Busca do Material Rejuvenescedor Perfeito”. Esses temas introduziram um conceito mais amplo sobre estética dentro da nova abordagem odontológica que tem sido a Harmonização Orofacial. Algo mais abrangente que fez os presentes processarem inclusive soluções de dúvidas como: por quê a ação da toxina botulínica tem durado tão menos e apresentado resultados tão variados mesmo mediante protocolos iguais?
O.N. (Odonto Nordeste) – Como a senhora avalia a academia e o mercado brasileiro no contexto da Odontologia Integrativa?
Dra. Kennia – Vivemos uma odontologia mais completa do que nunca. Temos recursos de informação cada vez mais rápidos e atualizadíssimos. A internet integrando escolas do mundo todo à distância de um “clic”. Lembro- me do tempo universitário onde pegávamos livros nas bibliotecas com tempo de devolução e com possibilidades somente de cópia xerox. Dias em que a papelada nos consumia tempos de sono junto a rascunhos precários e feitos de forma falha obtidos de conversas com professor em sala de aula que sempre tinham de ser conferidas com outras anotações de colegas a fim de conseguirmos uma conexão entre as informações.
Aulas práticas com material físico bem restrito e variável de uma escola para outra, dando-nos maior ou menor oportunidade de aprendizado visual e tático. Hoje, não mais vemos isso. Se antes já tínhamos uma notável formação do cirurgião dentista brasileiro, agora então, com tantos recursos informatizados e a anulação da distância e do isolamento entre o pensamento científico, vislumbro exemplares ainda mais brilhantes desse que já era reconhecido como o melhor do mundo, por seu tempo de aprendizado clínico e prático não só de cunho universitário como também de vivência clinica diária (visto ser o Brasil um país eclético em raças e culturas).
Com uma odontologia tão bem embasada como a que possuímos no Brasil, talhando profissionais que em 4 ou 5 anos, dependendo da universidade aprendem o todo do corpo humano e dedicam-se à área do trato do aparelho digestivo com ênfase buco- facial, como base fundamental de sua operação diária, e ainda com práticas desde os primeiros meses de sua formação (e que considerando desde a dieta do paciente até sua situação sócio econômica, o cirurgião dentista brasileiro é forjado um “adequador” da saúde física e da reintegração social do paciente ao restaurar sua auto estima e condições primárias de subsistência em conseguir mastigar o alimento que lhe chega a boca.
Era de se esperar que seria esse mesmo o curso natural dos acontecimentos. Dentre embasamento, destreza artística, vastidão clínica, a odontologia integrou seus conhecimentos a entendimentos nem sempre novos para otimizar ainda mais seus objetivos de assessorar o ser humano na excelente experiência que é viver mais e melhor, ou seja, aliar longevidade com saúde.
Hoje, o cirurgião dentista pode mesmo se superar todos os dias embasado em uma odontologia rica e profunda cientificamente, com o melhor do que há nessa terra para se cuidar da existência de maneira digna: ozônio, autólogos, conhecimento em Biocibernética bucal, posturologia, nutrigenômica, fitoterapia e Terapia Neural odontológica. Isso tudo associado a sua fundamentada formação em ciências médicas e biológicas faz com que a Odontologia Nacional esteja hoje realmente no topo da lista das profissões de melhores perspectivas de crescimento e realização profissional ao olhar dos melhores indexadores desse assunto em todo o mundo.
O.N. (Odonto Nordeste) – Por quê cada vez mais temas ligados a “Odontologia Integrativa” e à “Harmonização Orofacial” ganham espaço na Odontologia? E qual a necessidade dos profissionais estarem atualizados sobre essas temáticas?
Dra. Kennia – Eis-nos aqui! Vimos e veremos ainda o melhor de nossa odontologia quando nos esforçamos a esse novo conceito. Algo mais amplo e “costurado”, afunilando os diagnósticos de forma mais correta e cada vez menos invasiva, uma odontologia que embora científica tem um cunho intuitivo e investigativo muito mais eficiente do que o aspecto técnico antes proposto. Somos mesmo muito técnicos pela arte que nos conduz, porém somos incrivelmente profundos em ciência e a união destas duas capacidades natas do cirurgião dentista o impelem a Harmonização Orofacial de forma óbvia e natural.
A Orofacial está descobrindo na integrativa, outras formas de alcançar o mesmo resultado e ainda mais. O cirurgião dentista que despertar-se a isso sairá na frente. Agregar conhecimentos de disciplinas interligadas entre si em prol da saúde e bem estar é obrigação de todo profissional de saúde e faz parte de nosso juramento de formando e ainda de nosso código de ética. Não há como barrar o crescimento da ciência e nem a competência de um ser humano que se dá em benefício da mesma e de seus iguais.