Código de Ética, redes sociais e marketing na Odontologia. Qual a importância?

Do código de ética às ferramentas de marketing. Descubra o que pode garantir o bom funcionamento de uma clínica, na entrevista com o Dr. Plínio Augusto Rehse Tomaz, cirurgião-dentista e autor do livro “Marketing para Dentistas – Conquistando e Mantendo Clientes”.

O.N. – Sobre o Código de Ética Odontológica, quais os pontos que geram mais dúvidas ou questionamentos entre os profissionais?

Dr. Plínio – A primeira informação com relação a isso é que os dentistas de modo geral parecem ignorar o código de ética. Tem muita coisa importantíssima. É obrigação de todo dentista conhecer isso, as normas do conselho. Mas infelizmente, parece que absolutamente não conhecem. Eles não sabem nem qual é a última versão do Código de ética e não têm realmente noção disso.  É lamentável! As principais coisas que geram dúvida é o que pode ou não divulgar, o que eu posso colocar em redes sociais ou em qualquer tipo de propaganda.

Então, por exemplo, as pessoas não sabem que qualquer tipo de comunicação deve constar o CRO, o nome do RT, do responsável técnico etc. Não sabem que é proibido colocar foto de antes de depois e por aí vai. Então, o grande questionamento é o que eu posso ou não fazer. A maioria não têm dúvidas, não tem perguntas, porque realmente ignoram e acham que podem qualquer coisa. Ou, acham que não podem nada os que realmente não conhecem e já outros acham que podem tudo.

O.N. – Cada vez mais o uso das redes sociais se torna comum e frequente. Como o dentista deve utilizar as redes para beneficiar seu lado profissional? O que é permitido?

Dr. Plínio – Vou começar dizendo que não pode fazer: não pode fazer é a propaganda clássica, do tipo: “olha como eu sou bom nisso”, “olha que coisa linda”, uma promoção, falar de preço, fazer “vem aqui”, “ligue já, ligue agora”. Esse tipo de coisa não deve fazer. Não só porque o Código de ética não deixa, não permite, mas porque não é bom e não carrega nada positivo pra marca do profissional. Então, não deve fazer.

O que a gente pode fazer em redes sociais? A gente pode usar as redes sociais para gerar autoridade, ou seja, pra mostrar que eu sei fazer a coisa, que eu entendo do assunto. Isso eu faço quando eu posto que estou indo a um congresso;  que estou fazendo mais algum curso; que conclui um procedimento mais complexo e estou feliz por isso; que eu dei uma palestra em algum lugar, ou, que eu publiquei um artigo.

Então, essas coisas todas vão se somando e gerando confiança para as pessoas que estão lendo e acompanhando isso. Então, tudo o que eu puder fazer para mostrar para as pessoas que eu entendo e que domino o assunto é válido. Outra coisa que eu posso fazer em redes sociais é gerar informação, ou seja, é nutrir o meu cliente com relação a informação: o que é uma prótese em zincônia? Mitos e mentiras sobre clareamento? O que são alinhadores e por aí vai. Então, passar informação, tirar dúvidas, esclarecer, informar novidades, sem necessariamente fazer promoção, mas passar informação pela informação. Inclusive, isso bem feito gerar “boca a boca”. As pessoas pegam essa informação e compartilham com os amigos porque é uma imagem legal.

O.N. – Quais dicas para fortalecer o marketing no consultório e garantir reflexos positivos?

Dr. Plínio – Outra coisa que eu posso fazer em redes sociais é gerar uma imagem pessoal positiva, ou seja, mostrar que é uma pessoa legal, algum um hobbie, bastidores da clínica, uma ação social, porque isso humaniza e nos torna mais próximo das pessoas. Tipo: eu gosto de pescar e o meu cliente também, eu gosto de teatro e meu cliente também etc. E por fim, de uma forma genérica, nas redes sociais nos temos três elementos básicos: mostrar de alguma maneira meu cenário, quem eu sou e qual o cardápio.

Então, o personagem é quem eu sou e quem é a equipe, inclusive a equipe não clínica. Cenário é mostrar fotos das minhas instalações, da fachada, de coisas que eu tenho, o que vai fazendo com que a pessoa entenda e veja meu espaço físico e ver se está de acordo com o perfil dela. E o que eu chamo de “cardápio” é mostrar o que eu faço, o que é possível fazer na clínica e que técnicas a gente domina.

O.N. – Considerações sobre a relação marketing x odontologia?

Dr. Plínio – Com relação a dicas de marketing que eu posso dar. O que funciona ou não? Primeiríssima informação porque isso é importante: MARKETING não é propaganda. Marketing é uma relação mercadológica, como eu me relaciono com o meu mercado. A definição do preço, por exemplo, é uma decisão de marketing, qual o preço correto para o meu público alvo? Como eu vou usar a comunicação pra chegar nas pessoas que estão no meu público alvo? Isso também é marketing.

Por exemplo, se eu tenho um público classe A, será que vale a pena eu panfletar? Obviamente a gente pensa: isso é absurdo. Exatamente, porque esse mecanismo não tem nada a ver com esse público alvo. Essa adequação mercadológica é marketing. A escolha do ponto onde eu vou trabalhar. Se eu quero atendar classe A e vou colocar o consultório na periferia? Não vai rolar. Ou ao contrário, se eu estou num lugar classe A e quero atender “povão”? Então, essa adequação também é marketing.

O mix de marketing é isso: vou definir qual o público alvo, qual o cardápio de serviços ideal, qual o preço correto, o lugar, a estrutura do meu cenário, como eu me apresento, a forma como eu me comunico, ou seja, tudo isso faz parte do chamado “mix de marketing”. Então, o que eu posso fazer com isso? Entender que marketing não é propaganda e adequar todas as peças. Porque se essas peças do mix de marketing, todas começando com a letra “P”: PESSOAS, PONTO, PREÇO, PROMOÇÃO, PRODUTO E PERCEPÇÃO. Se eu adequar essas seis peças e apresentar da forma certa eu tô indo bem. Mas, se eu tenho uma dissonância entre essas peças, por exemplo: se meu público é idoso e eu trabalhar com divulgação no Instagram, não vai rolar. Então, essa desconexão entre as peças do mix de marketing é um grande problema. 

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