Na data que marca uma série de ações educativas para promover o controle das infecções, a Autarquia destaca a ação das equipes de Odontologia
A infecção hospitalar é a infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar e pode se manifestar durante a internação ou após a alta. Trata-se de um problema que pode causar agravos à saúde e até mesmo levar à morte.
Para marcar o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares (15 de maio), o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) destaca o papel e a importância das equipes de Odontologia Hospitalar no combate às infecções hospitalares.
A Odontologia Hospitalar está ganhando cada vez mais espaço nos hospitais. Isso porque a importância do Cirurgião-Dentista nesse ambiente, especialmente nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), torna-se cada vez mais evidente.
Nas UTIs
O Cirurgião Bucomaxilofacial e membro da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar do CROSP, Dr. Denis Zangrando, esclarece que, na UTI, o paciente normalmente está sedado e sob ventilação mecânica por tempo indeterminado. “Nessas condições, a higiene oral precisa de atenção especial, já que existe o risco, por exemplo, de aspirar bactérias e patógenos que colonizam a cavidade oral. Dentes com bordas quebradas também representam riscos, pois podem provocar traumas na bochecha e na mucosa oral. A lesão na mucosa, por sua vez, pode ser colonizada e evoluir para infecção”.
De acordo com o Dr. Denis, o ambiente de UTI requer um cuidado maior e os hospitais estão investindo cada vez mais na presença das equipes de Odontologia Hospitalar, pois o Cirurgião-Dentista consegue levar resultados importantes ao lado dos demais profissionais da saúde.
Além de prevenir infecções e colaborar para a queda de complicações e óbitos, a presença do profissional da Odontologia representa mais qualidade e melhor prognóstico ao paciente, tranquilidade aos familiares e redução nos custos, pois os gastos hospitalares com medicações costumam ser maiores. “O esforço para prevenir é muito importante e essa conscientização está acontecendo” ressalta o especialista.
Cuidados constantes
Dr. Denis conta que, uma vez por semana, a equipe de Odontologia do Hospital de Cubatão, no Litoral de São Paulo, realiza a avaliação dos pacientes, inclusive dos que acabaram de chegar. De acordo com ele, é feito um censo em que se verifica o que pode ser feito no leito e se há necessidade de procedimentos no centro cirúrgico.
“Além da prevenção, muitas vezes o Cirurgião-Dentista tem que intervir retirando o dente causador de infecção, o abscesso ou fazer um desgaste em alguma prótese que está causando lesão oral. Esse paciente, muitas vezes, tem o sistema imunológico debilitado, então qualquer outro fator que venha a causar ou evoluir para uma forma mais grave do ponto de vista odontológico deve ser tratado”.
O especialista acrescenta ainda que, após traçar um direcionamento daquilo que precisa ser feito, é realizado o treinamento do auxiliar técnico de enfermagem, pois é ele quem está com o paciente no dia a dia.
“Esse profissional precisa de toda orientação sobre como fazer a higienização, os movimentos, o quanto usar de colutório e de clorexidina (antisséptico químico, com ação antifúngica e bactericida, capaz de eliminar tanto bactérias gram-positivas quanto gram-negativas). No caso do paciente que está com tubo orotraqueal/nasotraqueal é necessário fazer a sucção para evitar que o paciente aspire e faça a deglutição de mais bactérias. Não é simplesmente limpar, tem que saber o que está fazendo, é preciso ter treinamento”.
De acordo com o Dr. Denis, além de avaliar e supervisionar a higiene oral dos pacientes e garantir o seu acompanhamento constante, muitas vezes alguns eventos pontuais solicitam a presença do Cirurgião-Dentista, como trauma ou dente abscedado (com abscesso). Nesses casos, uma interconsulta é solicitada pelo intensivista.
Um dos problemas que mais acometem os pacientes, segundo o especialista, são as pneumonias nosocomiais (infecções comuns ao ambiente hospitalar/adquiridas nesse ambiente). “Essas infecções são uma preocupação. Se a pessoa doente tiver uma infecção respiratória, por se tratar de um paciente já em estado grave, essa infecção oportunista pode levar a óbito, aumentando a taxa de mortalidade da instituição, sem falar no custo maior que envolve o tratamento, como já mencionado”.
O Cirurgião Bucomaxilofacial lembra ainda que, em 2019, o presidente do CROSP, Dr. Braz Antunes, na ocasião, vereador de Santos, criou a Lei 3.615 que tornou obrigatória a presença de profissionais da Odontologia Hospitalar nas UTIs públicas e privadas da cidade. “Isso começa com uma Lei sendo aprovada, aí outro adere e outro acompanha porque vê os resultados. Os hospitais estão montando equipes de Odontologia Hospitalar devido às intervenções executadas no ambiente de UTI e ao resultado que entregam”.
Fonte: CROSP